sexta-feira, 21 de agosto de 2009

CONTO (3)

MEU PRIMO PADRE
para Carlos Reichenbach Filho

Eu e meu primo temos mais ou menos a mesma idade e somos os primos mais velhos da minha família por parte de mãe. Entretanto, a diferença entre nós dois – pelo menos no início desta história, quando tínhamos mais ou menos uns doze anos – era enorme. Entre outras coisas, ele era atlético e louro, morava no alto da rua Dom Pedro Segundo, reduto dos alemães abastados de Porto Alegre, estudava no Colégio Rosário, o mais caro da cidade, e estava aprendendo a tocar violino com um professor particular. Eu, ao contrário, era magrinho e tímido, morava na parte baixa da cidade, estudava numa escola pública e alimentava o sonho impossível de aprender a tocar piano.
Por falar nisso, nunca esqueço da primeira vez em que vi alguém tocando um solo de piano, quando aconteceu comigo uma espécie de epifania – pra usar uma palavra que está na moda e que pouca gente sabe exatamente o que significa. Eu devia ter uns cinco ou seis anos de idade. Minha mãe e eu subíamos a escadaria que divide a Galeria Chaves ao meio, quando comecei a ouvir um ruído que nunca tinha ouvido antes. Escapei de minha mãe e corri à sua frente tentando encontrar a origem daquele som fascinante. Dentro de uma loja de instrumentos musicais – situada à esquerda de quem sobe na direção da rua da Praia, quando a galeria se alarga - um pianista executava uma valsa que, anos mais tarde, descobri ser “Sobre as Ondas”. Agarrei firme a mão de minha mãe obrigando-a a permanecer comigo diante da grande vitrine, atrás da qual um homem, sentado diante de uma estranha caixa preta com uma tampa levantada, produzia um som que inundava o meu dia de brutal felicidade. Que magia seria aquela vibrando no ar com tanta beleza e me transportando pra não sei onde? Minhas pernas tremeram. Parecia que ia desmaiar, daquela mesma maneira que costumava desmaiar de fraqueza, sentado em jejum no banco da igreja, antes da comunhão dominical. Mas a emoção era inusitada, uma vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Naquele momento revelador tomei consciência de mim, descobri que eu existia, que eu era alguém com existência própria e independente de pai e mãe, que agora eu era apenas um menino, mas que mais tarde - era só ter paciência de esperar o tempo passar – eu seria um adulto livre o bastante pra poder realizar os meus sonhos, fossem eles quais fossem. Meu destino estava em minhas mãos, só dependia de mim mesmo.
Mas voltando ao meu primo, toda a vez que ia visitar a casa de meus tios eu era obrigado a ouvir-lo arranhando o seu violino em exercícios exasperantes, exatamente o oposto da inesquecível melodia da Galeria Chaves. Eu tinha a impressão de que ele estudava violino meio obrigado pela mãe, uma bela mulher de origem alemã com quem meu tio tinha feito um bom casamento. Então, toda a família reunida na sala, sem entender grande coisa, servia de auditório para meu primo exibir sua habilidade artística. Finda a audição, íamos brincar no quintal, onde ele finalmente se sentia à vontade pulando pelos galhos de uma árvore enorme como se fosse o Tarzã. Do chão, preocupado com os avisos paternos de que não subisse em árvore porque poderia quebrar o pescoço, eu apenas o observa cheio de admiração.
Tais visitas geralmente ocorriam aos domingos depois da missa, aonde tínhamos a obrigação de ir. À tarde, íamos assistir a matinê do cinema América, no Passo d’Areia, que cobrava a ninharia de um mil réis pelo ingresso e exibia dois filmes seguidos, além do episódio semanal do empolgante seriado “Marte Invade a Terra”.
Por essa época aconteceu um fato que me parece marcante. Nosso avô começou a insistir pra irmos visitá-lo num sitiozinho que ele tinha acabado de comprar fora da cidade, um pouco antes de Cachoeirinha. A idéia não me animava muito visto que o nosso avô fazia questão que chegássemos de manhã “bem cedinho a fim de aproveitar o dia”, conforme ele dizia. Já nessa época eu odiava acordar cedo e, tudo bem, tinha a sorte de estudar à tarde. Ao contrário, meu primo estudava de manhã no colégio dos padres e anda tinha o estranho hábito de acordar de madrugada pra fazer ginástica, que ele chamava de “calistênica”.
Vai daí que numa madrugada fria das férias de inverno, nós dois tomamos o primeiro ônibus na direção de Cachoeirinha. O campo começava logo depois do Sarandi e estava coberto pela colcha branca da geada que tinha caído durante a noite. A viagem, que hoje se faz em dez minutos pela via expressa que conduz ao litoral, durou quase uma hora pela estrada ruim. Acordei com meu primo me dando um tapa na cabeça e morrendo de rir. Saltamos do ônibus no ponto certo. O sol ameaçava surgir na linha do horizonte mas era encoberto por uma neblina tão espessa que mais parecia a fumaça de um incêndio. Não se via um palmo diante do nariz, mas era só seguir em linha reta pelo campo aberto que ia dar num morro, como nosso avô nos indicara. Mesmo sem nenhuma visão, começamos a andar cada vez mais depressa como se estivéssemos começando uma brincadeira, um jogo, uma disputa pra ver quem era o mais veloz de nós dois. “Eu sou o Roy Rogers, o rei do faroeste!”, gritou o meu primo no começo do morro, transformando-se em cavalo e cavaleiro ao mesmo tempo.
“E eu sou o Hopalong Cassidy!”, retruquei eu. E sem perda de tempo, saí em disparada meio que patinando na grama molhada pela geada. Apanhado de surpresa, meu primo ficou para trás. Mas logo ouvi ele gritando o meu nome desesperadamente. Achando que aquilo fazia parte do jogo, continuei correndo morro acima. De repente, no meio daquela neblina pastosa de filme de terror, senti uma garra apertando o meu braço e me impedindo de seguir em frente. Instintivamente tentei escapar. “Espera!”, berrou ele no meu ouvido.
Durante alguns segundos ficamos parados no meio do breu, diante do nada. Então, subitamente, o sol apareceu e iluminou o vale à nossa frente. Percebi então que estávamos parados à beira de um precipício que limitava o morro com um corte brutal. Mais um passo e eu teria caído no abismo e, agora, possivelmente não estaria aqui relatando a nossa história.
Premonição do meu primo diante do perigo iminente? Sei lá! Como o episódio nunca foi discutido por nós dois, nem naquele dia nem nunca, decidi naquela época que o meu primo tinha sido o meu anjo-da-guarda salvador, aquele das lições de catecismo que vela por nós nas horas de perigo.


Uns dez anos mais tarde eu estava morando no Rio de Janeiro, onde acabara de cursar o Conservatório Nacional de Música como bolsista. Um belo dia recebo um telegrama do meu primo me avisando que daria uma passada pelo Rio e que gostaria de se encontrar comigo. Fazia muitos anos que não nos víamos, mas eu sabia pela família que ele estava estudando num seminário franciscano em Divinópolis, interior de Minas Gerais.
Dia aprazado ele bate à minha porta, num apartamento conjugado que eu dividia com dois colegas do Conservatório. Eu tinha imaginado que, como bom seminarista, ele viria de batina e com aquela cara sofrida de são Francisco de Assis, tal como foi pintada por Portinari. Entretanto, ele surge à minha frente mais bronzeado de sol do que eu que vivia à beira-mar, usando uma surrada camiseta de meia branca, calça que parecia ser de pijama amarrada na cintura por um cordão e sandálias empoeiradas, essas sim franciscanas – um verdadeiro hippie, o que não deixava de estar na moda naquela época do “paz e amor”
“Cadê a batina?”, perguntei em tom de gozação.
“Deixei no seminário”, respondeu ele sorrindo. “Não sei se você sabe, mas a gente não é mais obrigado a usar batina o tempo todo. Os tempos são outros. Depois de João XXIII a Igreja mudou.”
Convidei-o pra tomar um chope na beira da praia e assim fomos trocando notícias até o final daquela bela tarde de verão com o sol se pondo lá pros lados do Posto Seis. Ele não tocava mais violino. Nem tinha certeza se poderia ter um violino consigo, já que o tal voto de pobreza dos franciscanos estabelecia que ninguém poderia possuir bens particulares. Lembrava-se da minha cara de enfado quando, menino, eu era obrigado a ouvir as audições em que ele maltratava o violino. Nunca imaginara que eu me interessasse pela música e muito menos que, um dia, eu fosse me meter a estudar piano.
Acabou me revelando o motivo de sua vinda ao Rio. “Amanhã embarco pra Alemanha. Veja só, vou estudar a história da religião católica em Frankfurt.”
“Mas precisa ir tão longe a fim de estudar essa história?” – brinquei. “Vamos até ali na igreja Nossa Senhora da Paz que o padre te conta tudinho.”
“A coisa é séria, meu amigo”, respondeu ele e, depois de verificar a mesa ao lado onde dois turistas argentinos cantavam uma mulata, me confidenciou em voz baixa: “Fui mandado pra Alemanha como uma espécie de punição. Acho que você não é tão alienado a ponto de não saber o que está acontecendo no país. Andei me envolvendo num movimento contra a ditadura lá em Minas, e os meus superiores resolveram me mandar embora. Eu acho que é censura, mas eles dizem que fazem isso com o objetivo de proteger a minha integridade física, porque os milicos já me deram umas porradas e continuam atrás de mim.”
Ao tomar conhecimento da ação subversiva do meu primo, achei que seria interessante ele me acompanhar numa visita que eu faria aquela noite. Acontece que a minha namorada morava com uma amiga em Botafogo e tinha me convidado pra jantar com elas. Avisei que talvez eu levasse comigo o meu primo seminarista, o que causou sensação nas hostes femininas: como seria aquela avis rara?
Tomamos um ônibus na Nossa Senhora de Copacabana e fui explicando ao meu primo a situação. Eu estava prestes a ficar noivo, de aliança no dedo como mandava o figurino, e pretendia me casar assim que desse. Isso porque eu tinha alguma convicção de que iria vencer o concurso pra pianista da Orquestra Sinfônica. Então algum dinheiro ia começar a entrar. Por outro lado, minha namorada tinha um emprego razoável, era assistente da colunista social do “Correio da Manhã”. Expliquei também que ela estava dando um tempo em Botafogo porque tenha entrado em desavença com a família, que pertencia ao ridículo café-soçaite carioca e que não aceitava o envolvimento dela com um artista morto de fome.
Mas quem eu achava mais interessante meu primo conhecer era a colega da minha noiva, a que dividia o apartamento com ela. Também jornalista, ela era casada com um professor que estivera preso como terrorista e que, agora, morava na Suécia, pois fora trocado por um embaixador seqüestrado. Ela próprio fizera parte do grupo de seqüestro, o que eu desconfiava mas não sabia com certeza naquela época.
Chegamos ao apartamento e fomos recebidos com festa pelas duas moças, que foram logo abrindo uma garrafa de vinho. “Vinho da missa em homenagem ao padre”, disseram elas.
Minha namorada era mais reservada, enquanto a outra era despachada e bem-falante – daquelas cariocas que têm voz bonita e que costumam falar alto, além do charme especial dos esses e erres. Figura típica da boemia da Zona Sul, espécie de musa da bossa nova e do cinema novo, ela provocou uma série de crônicas apaixonadas escritas por Carlinhos Oliveira no “Jornal do Brasil”; certo fim de noite, no Zepelim, o marido da musa encontrou o cronista completamente bêbado e, não conseguindo mais conter o ciúme, encheu-o de porradas. “Abaixo a ditadura!”, gritou o pobre do Carlinhos sendo socorrido pelos garçons.
Não duvido que ela amasse o marido, mas, com ele agora na Europa, acredito que eventualmente se envolvesse com outros homens pois não estava morta nem nada. E eu estava curioso pra ver se meu primo iria conseguir resistir àquela mulher sedutora. Com o vinho fazendo efeito, ela não se fez de rogada e começou a se jogar pra cima do meu primo. Como uma espécie de provocação, contou uma história que tinha acontecido com ela alguns anos atrás. Uma noite ela voltava de São Paulo de ônibus quando um homem usando batina ocupou a poltrona ao lado. ”O padre era jovem e bonito como você”, disse a sapeca encarando o meu primo. “E confesso que tentei seduzi-lo. Fiz que dormia e fui me encostando nele, primeiro o braço, depois a perna. O padre começou a rezar baixinho, mas não se esquivou de mim. Depois de um tempo, deu pra gemer num sussurro, parecia choramingar, coitado. Mas a coisa não passou disso, que pena! De manhã, quando chegamos ao Rio, ele saltou do ônibus e foi embora como se não houvesse acontecido nada. Se ele quisesse, poderia ter acontecido tudo.”
Devidamente alcoolizado, tanto quanto os outros três, fui sendo dominado por um certo espírito maligno: eu queria tirar a prova dos nove, queria descobrir enfim se aquela vocação do meu primo para o celibato era verdadeira.
Ele, no entanto, permaneceu incólume. Sempre elegante, foi se esquivando do assédio da moça. O tempo todo desviou o assunto para temas mais sérios, como a situação política do país, a censura, a guerrilha no Araguaia, a prisão dos dominicanos em São Paulo. As duas jornalistas, que na redação de seus jornais tinham acesso a informações censuradas, revelaram acontecimentos que espantaram meu primo. Ele acabou concordando que o mais seguro seria mesmo cair fora do país, antes que fosse torturado e morto.
Na madrugada quente do Rio, eu e meu primo fomos caminhando devagar até Copacabana. Logo no início da Barata Ribeiro, alguns caminhões do exército, ali estacionados, estrangulavam a metade da rua. Da outra calçada, meia dúzia de basbaques, certamente sem noção do que estava acontecendo, espiavam os soldados entrando e saindo do prédio em frente. Passamos direto como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo, mas sabíamos que haviam “estourado um aparelho”, como se dizia na época. "Eu me sinto um merda”, desabafou o meu primo. “Me sinto um cachorro fugindo com o rabo entre as pernas!”
Mais adiante, sem que eu lhe perguntasse nada, me disse que sua vocação religiosa era coisa verdadeira. E que nós dois tínhamos a sorte de ter tido, em nossa família, uma sólida formação cristã. E isso – por mais que ocasionalmente nos afastássemos da Igreja – seria um fato fundamental em nossas vidas. Estávamos marcados pra sempre. Seríamos sempre pessoas do bem.
Antes de pegar o ônibus pra voltar ao convento onde estava hospedado, ele encerrou a conversa me recomendando que não deixasse de ler a filosofia cristã de Teilhard de Chardin e “Os Sete Pilares da Sabedoria”, de Thomas Merton. Não segui seu conselho. Por essa época eu estava encantado com a literatura nada edificante de Henry Miller.


Nosso próximo encontro – e que também foi o último – aconteceu recentemente. Quando eu soube que iria dar um concerto em Brasília, logo pensei em rever o meu primo, que residia lá, aposentado como professor da Universidade. Liguei diversas vezes pra Porto Alegre e, com grande dificuldade, finalmente consegui o telefone dele.
Pelas vagas informações que me chegaram através daqueles anos todos, ele tinha largado a batina no final dos anos oitenta. Depois foi dar aula na Universidade e acabou se casando com uma jovem aluna. Era só o que eu sabia.
Chegando ao Hotel Nacional por volta do meio-dia, a primeira coisa que fiz foi ligar pra ele. Atendeu uma voz de menina, eu me identifiquei e logo ouvi qualquer coisa como “Papai, o seu primo de São Paulo quer falar com você”. Esperei um tempão, até achei que não iria me atender, mas finalmente ele se manifestou dando uma desculpa qualquer pela demora. Não entendi porque ele tinha vacilado em conversar comigo. Talvez estivesse apenas se refazendo do espanto com o surgimento de um fantasma vindo lá das brumas do passado. “Quem atendeu foi a minha filha”, explicou. “A mais novinha. Tenho quatro.”
Imaginei que em seguida ele fosse me convidar pra ir até o seu apartamento tomar um café e conhecer sua família. Como o convite não veio, propus que nos encontrássemos naquela tarde à beira da piscina do hotel. Ele vacilou outra vez: deu uma pausa dizendo que ia consultar sua agenda. Acabou marcando nosso encontro para dentro de meia hora; o resto do dia estaria muito ocupado. “Vai ver” - pensei cá comigo – “quer se livrar logo de mim, que devo ser um chato de galocha querendo me enturmar com ele depois de tanto tempo.”
Fui aguardá-lo à beira da piscina debaixo de um inesperado céu nublado. Fiquei lá sozinho tomando a minha cerveja e pensando na vida, que não estava nada fácil. Alguns dias antes, depois de um bate-boca com minha mulher - a quinta de uma série -acabei batendo a porta e machucando a mão esquerda. Meu ortopedista tirou uma chapa e garantiu que estava tudo bem, mas a mão doía pra danar. Claro que eu iria me dar mal no concerto do dia seguinte, se minha mão não melhorasse.
Nisso percebi meu primo se aproximando. Seria mesmo ele? Parecia ter encolhido de tamanho, perdera o porte atlético, a barriga crescera, o cabelo ficara branco e escasso. Pensei com os meus botões que, aos seus olhos, eu também teria me tornado um caco, mas pelo menos meu cabelo continuava abundante e escuro – à custa de muita tintura, mas escuro.
Nossa conversa não engrenava, nossas lembranças familiares eram tristes, sua mãe estava internada num asilo com Alzheimer, quase todos os nossos parentes mais velhos, e mesmo alguns mais novos, já tinham morrido.
Comentei que ele tinha ficado muito parecido com o pai. Ele retrucou: “Você também. Estamos quites.”
Ousei perguntar por que tinha deixado de ser padre. “Te confesso que não sei direito”, respondeu ele lentamente, parecendo analisar suas razões. Pediu mais uma cerveja e acendeu um cigarro. Depois continuou: “Não sei se eu perdi a fé. Mas o fato é que depois de João XXIII a Igreja mudou muito, mudou até demais. Você não faz idéia do que aconteceu com a minha Ordem. Foi se transformando, sei lá. Virou um refúgio de homossexuais. Uma coisa absurda.
De repente as nuvens se esgarçaram e o sol começou a brilhar através do ar seco de Brasília. Algumas mesas próximas foram sendo ocupadas. Crianças se jogaram na piscina fazendo baderna e nos respingando de água. Meu primo chamou o garçom e pagou a conta. Antes que ele se fosse, convidei-o a assistir ao meu recital na noite seguinte. Que também levasse a família. Os convites estariam à sua disposição na bilheteria do teatro.
Ameaçou se despedir ali mesmo, mas fiz questão de acompanhá-lo até hall do hotel. No último instante, quando íamos nos afastando da piscina, cruzamos com uma bela loira que sorriu pra nós. Paramos e ficamos observando o que ia acontecer. À beira d’água, ela tirou a saída-de-praia e revelou um corpão bombado mal encoberto por um reduzido biquíni. Depois esticou a toalha no chão e se deitou de barriga pra baixo, exibindo ao sol o esplêndido bumbum.
“Puta merda, que mulherão!”, não se conteve o meu primo.
No fim das contas ele tinha se tornado um homem comum. Um homem de meia-idade comum. Exatamente assim como eu.
Não me surpreendeu ele não ter comparecido ao meu concerto na noite seguinte.